Inteligência artificial avança nos processos de contratação
A inteligência artificial (IA) já deixou de ser tendência e se tornou realidade no dia a dia das empresas brasileiras, especialmente nos processos de recrutamento e seleção. Para a docente dos cursos nas áreas de Gestão e Comércio do Senac Cachoeira do Sul, Joana da Rosa Alves, a tecnologia chegou para agilizar e organizar rotinas, mas exige uso crítico e responsável.
Segundo a especialista, ferramentas automáticas com filtros que identificam perfis alinhados às vagas já são comuns em diferentes segmentos. Na prática, isso reduz tarefas operacionais e libera o profissional de RH para atividades mais estratégicas. Ainda assim, ela reforça que o papel humano permanece indispensável: “A inteligência artificial tem trazido mais agilidade e organização para os processos de recrutamento e seleção. Mas é importante lembrar: a IA não substitui o olhar humano, ela só serve como suporte”.
Com a expansão do uso da tecnologia, competências humanas assumem um peso ainda maior. Joana destaca que habilidades como empatia, comunicação, escuta ativa, pensamento crítico, ética e inteligência emocional são cada vez mais determinantes para quem atua na gestão de pessoas: “A IA consegue analisar dados, mas não sente, não percebe vieses emocionais e não constrói vínculos. Esse é o diferencial do profissional de gestão de pessoas”.
Um dos pontos de maior debate é a relação entre IA e decisões justas na contratação. Para a docente, a tecnologia pode tanto reduzir quanto reforçar desigualdades — tudo depende da qualidade do processo. “Se os dados usados para treinar a ferramenta refletem práticas excludentes, o risco de repetição dessas desigualdades é real”, enfatiza. Por isso, defende que empresas adotem uma postura crítica, revisando critérios e monitorando resultados.
A preparação dos profissionais das áreas de RH, Administração e Comércio também passa por uma mudança de mentalidade. Para a especialista, é preciso abandonar o medo e assumir uma postura de adaptação constante: “O primeiro passo é parar de ver a IA como ameaça e começar a enxergá-la como aliada. Aprender sobre a ferramenta é importante, mas tão importante quanto é desenvolver uma postura aberta ao aprendizado contínuo, à adaptação e à mudança”.
Para quem está ingressando no mercado, algumas competências comportamentais se tornam indispensáveis. “Responsabilidade, comunicação clara e assertiva, proatividade, organização, ética, colaboração e inteligência emocional”, lista Joana. Ela reforça que o mercado valoriza quem entende seu papel e aprende com feedbacks: “Cada vez mais cresce a procura por quem entende o impacto do próprio trabalho, sabe se posicionar, tem propósito e se relaciona bem”, acrescenta.
Por fim, a especialista destaca que, apesar das mudanças tecnológicas, o valor humano permanece central. “A inteligência artificial não muda o valor das pessoas, ela muda a forma como trabalhamos. O profissional que alia conhecimento técnico, visão crítica, sensibilidade humana e abertura ao novo continuará sendo essencial”, conclui.