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ÚLTIMAS NOTÍCIAS 21/10/2021 08:42:51

Balneário Fernando Witt ficou gravado às margens do Rio Inhacundá

Patrimônio Natural

      Imagine um lugar de entretenimento e lazer na década de 1952, onde o patrimônio natural compreendia áreas de importância preservacionista e histórica, beleza cênica, enfim, que transmitiam à população Assisense a influência do ambiente natural.

      O Balneário Fernando Witt, idealizado por Rosalino Mazuco foi construído e mantido na cidade de São Francisco de Assis RS, em 1952, às margens do Rio Inhacundá, com o apoio da sociedade, pois havia contribuição periódica dos membros assíduos. Era local de lazer, entretenimento e muita diversão para toda a sociedade Assisense.

      Em 1951 Rosalino Mazuco era Tenente do Exército Brasileiro, natural de São Borja, adotou São Francisco de Assis como sua cidade natal, com o dever e honra de liderar a Junta de Alistamento Militar, com Sede primeiramente na Prefeitura Municipal e logo depois, na sua residência, onde hoje é o prédio da Sede da Brigada Militar.

      Ten. Mazuco muito popular na sociedade, sempre empenhou-se no trabalho por São Francisco de Assis, visando o bem estar de todos, envolveu-se em construir este ponto turístico e abri-lo ao público, a aceitação foi surpreendente e a visitação intensa.

      O Balneário foi batizado em homenagem a um cidadão que morou na última casa na Rua 13 de Janeiro, Sr. Fernando Witt, nascido em Alegrete em 1857 e falecido em 1937. Foi casado com Maria da Rosa Cardenas, e teve dois filhos, Adauto Witt e Walter Witt. Este último era morador no mesmo endereço, na época do Balneário e assíduo frequentador.

          Imagem 1:  Acervo pessoal de Alício Witt

          Fernando Witt e sua família, década de 1930.

 

1 – Adauto Witt (filho); 2 – Fernando Witt; 3 - Maria da Rosa Cardenas (esposa); 4 – Walter Witt (filho).

      Fernando Witt foi um dos sete (07) vereadores que compuseram a primeira Câmara de Vereadores de São Francisco de Assis, instalada em 1885, construiu por conta própria as persintas ou calçamento de pedras, no início da antiga Rua Inhacundá, hoje Rua Treze de Janeiro, em frente à sua casa, para evitar a danificação da rua pelas águas fluviais, pertenceu a Comissão Permanente de Divisas Municipais no cargo de Fiscal de Terrenos Urbanos, foi Secretário e Tesoureiro.

      Com infraestrutura promissora para a época, o Balneário Fernando Witt tinha vestiário fechado e campo de futebol gramado, era frequentado assiduamente pela sociedade Assisense.

      Rosalino Mazuco, além de dedicar - se ao Balneário nas horas de lazer, era responsável pela Junta de Alistamento Militar no período de 1950 a 1961, chefe da Guarda Municipal, Professor de Educação Física no Colégio das Freiras e Escola Estadual Salgado Filho na década de 1950, vereador em 1963, além de uma carreira muito ativa no Exército Brasileiro sendo promovido a Major e entrando para a reserva em 1961.

            Imagem 2: Acervo pessoal de Ciro Paz Mazuco

Marco do Balneário Fernando Witt, 1952, ou seja, o esteio central do primeiro caramanchão com cobertura de capim santa fé.

1 - Ciro Paz Mazuco; 2 - Maria Dolores Paz Mazuco; 3 - Eunice Dedé Paz; 4 - Ida Paz Mazuco.

Imagem 3: Acervo pessoal de Ciro Paz Mazuco, 1952.

Algumas pessoas que identificamos aleatoriamente: Ciro Paz Mazuco (de costas); Aristófano Salles; Leôncio Ribeiro; Carlos Marques Vianna; João Azambuja Vieira; José Batista Pompeu; Ida Paz Mazuco; Maria Dolores Mazuco, Rosalino Paz Mazuco etc.

  Imagem 4: Acervo pessoal de Ciro Paz Mazuco

  Balneário Fernando Witt, 1952.

           Imagem 5: Acervo pessoal de Ciro Paz Mazuco

1 – Arlindo Oliveira Ribeiro; 2 – Enara Gonçalves Rodrigues; 3 Sem identificação; 4 – Terezinha Oliveira Ribeiro; 5 – Sem identificação; 6 – Nice Leiria; 7 – Ida Paz Mazuco; 8 – Sem identificação; 9  - Sem Identificação.

 

          

           Imagem 6: Acervo pessoal de Ciro Paz Mazuco

           Frequentadores do Balneário Fernando Witt.

Algumas pessoas que identificamos aleatoriamente: Arlindo Ribeiro; José Batista Pompeu; José Corrêa Pompeu; Antônio Carlos Brunet Ferreira; Edson Gonçalves Rodrigues; Luis Alberto Casteline Moreira; João Kaminski; Enara Maria Gonçalves Rodrigues; Carlos Marques Vianna; Herton José Gonçalves Rodrigues; Vasco Aguiar.

      Hoje estes momentos são lembrados com carinho por quem os vivenciou, pois é patrimônio imaterial de uma época memorável, onde ficaram as lembranças, fotografias e um poema de autoria do Sr. Vasco Aguiar.

 

“Inhacundá que se vai

 

Nascido no ventre oxigenado,

Semeando bênção pela serrania!

E descendo em cristais rumo ao povoado,

Num rastro sagrado por onde corria!

 

O “Poço da Pedra” – uma tina sagrada

O “Passo das Tropas” – banho de guri

E a ponte de ferro levada na enchente,

Que embalava a gente ao chegar aqui.

 

Folclore de encantos daquele passado

Que ficou gravado nas margens do Rio,

Histórias contadas na cidade inteira,

Pelas lavadeiras anos a fio...

 

Hoje tuas barrancas se desmoronaram,

Sepultando as bênçãos trazidas contigo.

Só um fio poluído corre rumo ao poente

- Lágrima doente do meu Rio amigo –

 

E o poeta alegre das tardes fagueiras,

Que com tuas águas cantava em coro,

Num lamento triste do teu triste pranto,

Sentiu o seu canto transforma-se em choro.”

      É importante lembrar que a história de uma nação é construída com base na memória que a antecedeu. Por esta razão, refletir e trazer para o contexto atual a cultura de uma sociedade é essencial para reviver memórias e desta forma, homenagear pessoas que deixaram marcas importantes na história.

      O que transcende aqui é nostalgia e a sensação de pertencimento a um local excepcional do ponto de vista histórico e cultural, de fundamental importância para a memória, a identidade e a riqueza das culturas, ou seja, significa patrimônio nosso.

      Desta forma, este artigo não esgota o assunto sobre o tema, pois muitos dados merecem ser levantados, discutidos e o Município
merece resgatar sua história, dar maior visibilidade a espaços que contemplem o patrimônio natural para que nunca esqueçamos nossa identidade e memória.

      Nem mesmo nas questões abordadas se teve a pretensão de ser conclusiva. Ao viés de novas investigações, podem-se explorar outros períodos na história de São Francisco de Assis com nuances que merecem ser preservados para a sociedade e que o sentimento de pertencimento ao patrimônio cultural seja transmitido desta para as próximas gerações.

Referências Bibliográficas:

A história de São Francisco de Assis. http:. Acesso em: 15 set. 2021.

HAIGERT, Francisco Evaldo. Ancestrais Alemães. São Francisco de Assis. RS. 1999.

 

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