PARLAMENTO EUROPEU APROVA PROIBIÇÃO IMPORTAÇÕES DE GÁS RUSSO AT&E
_Fonte Correio do Povo_
Medida busca asfixiar financeiramente o Kremlin ao cortar uma de suas principais fontes de receita para o esforço de guerra
O Parlamento Europeu aprovou em definitivo, nesta quarta-feira (17), a proibição de todas as importações de gás proveniente da Rússia até o final de 2027. A medida é uma resposta direta à invasão da Ucrânia, buscando asfixiar financeiramente o Kremlin ao cortar uma de suas principais fontes de receita para o esforço de guerra.
Embora o texto tenha sido aprovado por ampla maioria pelos eurodeputados, ele ainda passará por uma votação final dos Estados-membros. No entanto, esta última etapa é considerada uma mera formalidade, dado o atual alinhamento político do bloco sobre a questão energética.
Desde o início da invasão em larga escala, em fevereiro de 2022, a União Europeia destinou mais de 216 bilhões de euros (aproximadamente 1,38 trilhão de reais) para a compra de combustíveis fósseis russos. Atualmente, o bloco ainda paga cerca de 40 milhões de euros por dia à Rússia, o que críticos e parlamentares classificam como um financiamento indireto aos massacres em território ucraniano.
O cronograma estabelecido prevê uma proibição gradual para permitir que os países adaptem sua infraestrutura. No caso de contratos de longo prazo — alguns com duração de décadas e considerados os mais complexos de romper —, a medida será aplicada obrigatoriamente até 1º de novembro de 2027. Empresas que tentarem contornar as novas regras estarão sujeitas a sanções severas.
Estratégia legislativa
Para evitar o veto de países com laços estreitos com Moscou, como a Hungria e a Eslováquia, a Comissão Europeia utilizou uma manobra estratégica. Em vez de propor a proibição como um pacote de sanções tradicionais (que exigiria unanimidade), o órgão optou por uma proposta legislativa. Este formato permite a aprovação por maioria qualificada, neutralizando o poder de bloqueio individual de Budapeste ou Bratislava.
Apesar da vitória política em Bruxelas, o acordo possui lacunas significativas: não inclui a proibição total de petróleo e, principalmente, de combustível nuclear russo, do qual diversas usinas europeias ainda dependem tecnicamente. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, já manifestou forte oposição ao plano e prometeu contestar a decisão nos tribunais europeus, alegando riscos à segurança energética de sua nação.