Polícia investiga caso de bebê recém-nascido
Recém-nascido teve leite aplicado na veia em Novo HamburgoInvestigação quer ouvir testemunhas e analisar prontuário e ficha técnica. Menino está em situação estável na UTI neonatal. Técnica de enfermagem foi afastada.
A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar o caso de um bebê recém-nascido que teve leite, em vez de soro, aplicado na veia no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A criança está internada em estado estável na UTI neonatal do hospital.
De acordo com o delegado Tarcísio Lobato Kaltbach, a polícia deve ouvir os envolvidos no episódio. Foram solicitados o prontuário médico e a ficha técnica do atendimento.
"Esta semana serão intimados o comunicante da ocorrência e o responsável pela administração da medicação. Quanto à intimação de outras pessoas, ficamos na dependência de quem o hospital irá indicar", afirma.
A técnica de enfermagem que teria realizado a aplicação foi afastada. Em nota enviada na segunda-feira (22), o hospital disse que "foi aberta uma sindicância para avaliar as circunstâncias técnicas relativas ao fato". Leia a íntegra do comunicado abaixo.
RELATO DA MÃE:
Conforme a mãe do bebê, Diulia Passos Magalhães, de 34 anos, Fagner Ravi dos Passos Andrade nasceu prematuro na cidade de Venâncio Aires, a 123 km de Novo Hamburgo, no dia 15 de março. Como tinha apenas 29 semanas, o menino precisou ser transferido para a UTI neonatal mais próxima, que era a do hospital em Novo Hamburgo.
Em 18 de abril, Diulia e o companheiro foram comunicados pela equipe médica do hospital de que um erro havia acontecido: em vez de soro, a técnica teria administrado leite através de uma sonda.
"E por causa disso ele foi entubado. Atingiu o pulmão, podia ter atingido os outros órgãos, podia ter perdido o meu filho. Ela [a médica] foi bem honesta comigo. Que o caso era grave. Tudo por um erro de uma técnica", conta Diulia.
Os pais do bebê também estariam tendo dificuldades com acomodações para acompanhar a evolução do quadro de saúde do filho, já que são de outra cidade. Sobre isso, o hospital disse que "os pais recusaram o abrigo oferecido desde a noite de sábado (20)", o que o casal desmente.
"A gente não confia mais, não deixa mais o nosso filho sozinho. Se a gente tivesse que dormir na rua, a gente dormia. A gente não tem mais confiança. Porque a gente estava pensando que ele estava bem, em um lugar seguro, mas não está. E como aconteceu com o meu filho, pode acontecer com outros", afirma Diulia.
NOTA DO HOSPITAL:
_"A Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que o estado de saúde do bebê é estável e apresenta melhoras. Imediatamente após o ocorrido, a família foi comunicada e todas as medidas assistenciais ao paciente e aos familiares estão sendo tomadas. A FSNH também informa que foi aberta uma sindicância para avaliar as circunstâncias técnicas relativas ao fato, e a profissional em questão foi afastada._
_A Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que o bebê vem apresentando melhoras consistentes desde os primeiros momentos após o corrido, na quinta-feira passada. Em relação à acolhida dos pais, a FSNH informa que o hospital desmobilizou um leito e um local de acompanhante, composto de cadeira ou sofá, para a mãe e o pai, além de alimentação, para que os pais pudessem ficar mais perto do bebê. Mesmo os pais terem recusado este abrigamento desde a noite deste sábado, o único possível para a instituição hospitalar, ele segue disponível no hospital."_