QUADRILHA DE PORTO ALEGRE QUE MOVIMENTOU R$ 287 MILHÕES COM FRAUDE EM PLANOS DE SAÚDE
_Fonte Correio Do Povo_
O Departamento de Repressão aos Crimes Cibernéticos deflagrou nesta terça-feira uma ofensiva contra suspeitos de fraudar planos de saúde no Rio Grande do Sul. Foram cumpridos 25 mandados de busca de apreensão, além de no solo gaúcho, também em Santa Catarina, Paraíba, São Paulo e Rio de Janeiro. Os investigados movimentaram quase R$ 290 milhões com o esquema.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações revelaram uma organização criminosa que operava um sofisticado esquema de fraudes na comercialização
de planos de saúde, falsamente representando uma conhecida operadora gaúcha. O líder do grupo reside em Porto Alegre, onde utilizava empreendimentos para forjar vínculos empregatícios fictícios, incluindo vítimas em planos empresariais legítimos da operadora, mas sem ter qualquer relação real de emprego.
Os golpistas prometiam planos particulares com descontos irreais e ausência de carência, com cobranças via Pix e boletos bancários falsos. Uma vez contratado um plano particular, os criminosos incluíam o contratante no plano corporativo de uma das empresas ligadas ao esquema, como se fosse mais um colaborador da pessoa jurídica eleita para viabilizar a fraude.
A operadora de saúde gaúcha sofreu prejuízos duplos: perda de
receita por cobrar valores corporativos inferiores e desequilíbrio atuarial ao honrar benefícios sem carência.
Durante as investigações, relatórios de inteligência financeira do COAF revelaram que as empresas investigadas movimentaram mais de R$ 287 milhões, entre valores que circularam entre as pessoas jurídicas e as físicas, sem justificativa econômica.
Práticas como fracionamento de valores, circularidade de recursos e uso de laranjas demonstraram ainda lavagem de dinheiro.
“A operação destaca o uso de instituições financeiras não convencionais para
ocultar valores fora do alcance de ferramentas de bloqueio. Isso tem sido o grande gargalo das investigações, na medida em que não existem, para essas instituições, sistemas estruturados que permitam às autoridades o acesso do relacionamento entre os clientes e as empresas de
pagamento, por vezes utilizadas para movimentar e ocultar o destino de dinheiro suspeito. Não é possível ao Poder Judiciário, por exemplo, impor eletronicamente o bloqueio de ativos de origem ilícita”, avaliou o delegado Eibert Moreira Neto, que também é diretor do Departamento de Crimes Cibernéticos.
A investigação prossegue para identificar possíveis beneficiários adicionais e outras operadoras vítimas do esquema.