A Morte de Valdemar Bot. Diálogo e União: Caminho

A trágica morte de Valdemar Boht em Santa Maria, durante uma abordagem policial por denúncia ambiental, lançou uma sombra preocupante sobre o Rio Grande do Sul. Mais do que um evento isolado, o ocorrido escancarou feridas profundas na sociedade gaúcha: a fragilidade de um sistema que parece claudicar, a irritação latente de uma população imersa em polarização política, a tentação de exageros e a chocante banalização da vida. E, no cerne de tudo, a intrínseca dificuldade da polícia em atuar em operações de risco, onde a linha entre a proteção e o perigo é tênue.
É neste cenário complexo que a sociedade precisa se perguntar: até quando permitiremos que a desconfiança e o confronto guiem nossas interações? A morte de Valdemar Boht não é apenas um luto para sua família, mas um alerta para todos nós. Ele nos lembra que a escalada de tensão pode ter desfechos irreversíveis, onde todos perdem.
Em um momento em que as vozes se polarizam e as diferenças parecem insuperáveis, é imperativo que os gaúchos, e em especial os "cidadãos de bem" – termo que abarca tanto aqueles que vestem farda quanto os que vivem suas vidas cotidianas – deem as mãos. Não é um convite à ingenuidade, mas sim à responsabilidade coletiva. A segurança pública não é uma prerrogativa exclusiva da polícia, assim como a ordem social não é tarefa apenas dos cidadãos. É uma construção mútua.
Precisamos de uma polícia que se sinta segura para atuar, respaldada por protocolos claros e treinamentos constantes que a preparem para as mais diversas situações de risco, priorizando sempre a preservação da vida. E, ao mesmo tempo, precisamos de uma sociedade que compreenda a complexidade do trabalho policial, que denuncie abusos, mas que também apoie e reconheça o esforço daqueles que, diariamente, arriscam suas vidas para garantir a ordem.
O confronto só alimenta um ciclo vicioso de medo e violência. É tempo de romper com ele. É tempo de dialogar, de ouvir as diferentes perspectivas, de buscar soluções conjuntas. A tragédia de Santa Maria precisa ser um divisor de águas, um momento para refletirmos sobre como podemos construir um Rio Grande do Sul onde o respeito mútuo prevaleça sobre a desconfiança, onde a cooperação substitua o embate. Que a memória de Valdemar Boht nos inspire a trilhar um caminho de união, onde policiais e cidadãos, juntos, construam uma sociedade mais segura e justa para todos.
Marlon Santos