Caso AVB : Vítima da CIA ou dos Extraterrestres?

A história da abdução do então camponês Antônio Villas-Boas, em São Francisco de Salles (MG), em outubro de 1957 é considerada a primeira da história moderna da ufologia e que marcaria pautas para outros casos, similares, vindouros como o de Barney e Betty Hill nos Estados Unidos em 1961.
Os episódios do caso são bem conhecidos em todo mundo graças à detalhada entrevista e revisão médica realizada pelo doutor Olavo Teixeira Fontes, em 1958, sob a supervisão do jornalista João Martins da célebre revista “O Cruzeiro”. A história, anos depois, acabou tendo uma repercussão mundial junto aos principais ufólogos, especialmente estadunidenses. Esta abdução acrescentou um elemento também novo neste tipo de relatos: o das relações sexuais entre terrestres e supostos extraterrestres que seriam mais comuns a partir dos anos 80 do século passado.
No ano 2000, durante uma viagem a Palmas do Tocantins (TO) conheci um folclorista que me apresentou um dos filhos de A.V.B., então advogado naquela cidade. Ele me revelou que o pai havia sido não só abduzido por possíveis seres extraterrestres, como levado aos Estados Unidos em 1958 para ser interrogado por autoridades governamentais, supostamente relacionadas com militares e pessoal da NASA. Estes interrogatórios incluíam o uso do polígrafo (“máquina da verdade”) e de drogas tipo “soro da verdade” que, aparentemente, acabaram comprometendo a saúdo do pai.
Dois anos depois o historiador Cláudio Suenaga localizou a irmã do abduzido e viajamos até a região de São Francisco de Salles e Fernandópolis (SP) para recolher alguns depoimentos inéditos. Os resultados foram amplamente compensadores pois além das entrevistas à dona Ordércia e o sr. José, ambos irmãos de Antônio – jamais haviam sido entrevistados – também pudemos conversar, pela primeira vez, com outros parentes e amigos. Além da confirmação de que A.V.B. fora levado aos Estados Unidos – ao estado da Califórnia – também recolhemos outros depoimentos sobre avistamentos ufológicos na região e, inclusive, fenômenos de caráter paranormal na fazenda, e arredores, onde o mineiro fora abduzido em 1957. Isso demonstra que a pesquisa de campo é essencial para a ampliação e comparação de informações sobre o destacado caso, possivelmente um dos que teve – e continua tendo – um grande impacto na comunidade ufológica mundial junto com o Caso Varginha e a Operação Prato.
No ano de 2019, um astrofísico revelou no seu livro “Forbidden Science volume IV”, documentos que afirmavam que a CIA havia simulado abduções no Brasil e Argentina como “experimentos psicológicos de guerra”.
Em seu e-mail de resposta, o cientista disse que uso da ufologia para camuflar várias operações de comando ou engenharia social era antiga, como a projeção da Virgem Maria nas trincheiras de Verdum (Primeira Guerra Mundial) ou em Cuba, a partir de um submarino na baía de Cochinos. E finalizou concluindo no e-mail, de forma enigmática com o seguinte: “se você (Jack Brewer) conversar com pesquisadores sérios da América Latina, descobrirá que eles não são tão ingênuos nesse campo quanto os ufólogos americanos”.
O documento estaria, segundo o próprio ufólogo, entre o material que doou a uma universidade mas que ainda vai demorar dez anos para que o público possa consultá-los, ou seja, em 2029.
MK-Ultra:
De acordo com Nedelcovic a CIA teria engendrado aparições de Óvnis em vários países como parte de um projeto denominado MK-Ultra entre 1953 e 1966 a partir de um subdepartamento encarregado do Projeto Mirage Men. Nedelcovic, naturalizado estadunidense, trabalhou também para a CIA na América Latina, encoberto pela Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID) sendo enviado ao Brasil a meados de outubro de 1957 além de trabalhar para o próprio Mirage Men entre 1955 e 1963.
Nedelcovic chegou no Rio de Janeiro com outros dois agentes da CIA, um médico, dois oficiais da Marinha, um deles americano e o outro brasileiro além de outros três ajudantes: um piloto, um copiloto e um especialista em navegação aérea. Em Uberaba (MG) embarcaram em um helicóptero modificado – com luzes extras e com forma de disco voador – para sobrevoar, pela noite, a região de São Francisco de Salles. Graças às câmeras de infravermelho localizaram um agricultor, isolado, que arava a terra pela noite com o seu trator. Desceram a pouca altura e os tripulantes lançaram um gás sedativo em forma de aerossol (Nedelcovic dizia que era “lorazepan“) sobre o trabalhador que seria mais tarde identificado como Antônio Villas-Boas. Do helicóptero camuflado desceram três agentes vestidos com trajes pressurizados e capturaram aquele homem que tentou correr, enfraquecido pelo gás.
Dentro do “helicóptero-disco voador”, os agentes – irreconhecíveis pelas máscaras de gás – extraíram sangue de Antônio com uma espécie de ventosa no queixo e logo o levaram para um cubículo com uma cama: previamente havia sido desnudado pelos intrusos e seu corpo lambuzado com uma substância oleaginosa. No recinto entrou uma mulher de baixa estatura, de origem asiática – uma prostituta, de acordo com Nedelcovic – que manteve relações sexuais com o brasileiro. Logo depois foi deixado novamente no solo, inconsciente, e o objeto voador partiu em direção ao aeroporto de Uberaba. Porém, de acordo com o relato de A.V.B. prestado a João Martins e ao dr. Fontes, ele estava perfeitamente lúcido e controlava seus atos e acabou descendo, pela mesma escada até o chão; portanto, não estava inconsciente tal como disse Nedelcovic.
De acordo com o ufólogo Alberto Francisco do Carmo (falecido no final de 2020) o aparelho usado pelos supostos extraterrestres era parecido aos modernos extratores de vácuo (vaccuum tubes ou vaccuum tainers) usado atualmente por vários laboratórios. Este tipo de instrumento somente seria implementado em 1995, ou seja 38 anos depois da abdução de A.V.B. Nedelcovic diz que as marcas no queixo do abduzido foram provocadas ao bater o queixo na fuselagem do helicóptero no momento em que era levado, à força, para o interior do mesmo.
Helicóptero disfarçado de disco voador?
Naquela época um aparelho tão grande provocaria muito barulho, o que teria sido ouvido a vários quilômetros de distância em uma região muito tranquila. Mas isso não aconteceu: o objeto era relativamente silencioso e de grandes dimensões, quase vinte metros de comprimento.
No ano de 1957, a tecnologia para criar helicópteros silenciosos ainda não estava desenvolvida. Além disso, de acordo com declarações prestadas pelo próprio sobrinho, João Francisco de Queiroz em nossa visita a São Francisco de Salles, ele nos contou que na noite da abdução – ele tinha 16 anos – estava dormindo placidamente na cabine do trator a poucas centenas de metros do evento e não ouviu nada.
Nedelcovic fala de um só voo do helicóptero até São Francisco de Salles no qual completaram a operação ou experimento. Porém, no dia 5 de outubro A.V.B e um irmão observam uma estranha luz sobrevoando a fazenda onde viviam. Além disso, dois dias antes do sequestro, ele e outro irmão, José, observam um objeto em forma de prato voador, mas não um helicóptero. De fato, pudemos entrevistar ao sr. José Villas-Boas na cidade de Fernandópolis. Nunca antes ele havia sido entrevistado para este caso e nos confirmou o avistamento de um objeto discoidal com cerca de 10 metros de diâmetro e que ele fugiu diante da aproximação ao trator do irmão. Este fato não é mencionado por Nedelcovic o que demonstra o desconhecimento do caso em seus detalhes. O agente da CIA não fala nada a respeito que o trator parou de funcionar. Tampouco fala de alguma arma eletromagnética capaz de paralisar o veículo.
Sobre os seres que capturaram A.V.B., os defensores de Nedelcovic dizem que portavam escafandros ajustados ao corpo com máscara contra gases para evitar seus efeitos hipnóticos. Tais trajes também os protegiam da contaminação radioativa empregada, de acordo com essa estrambótica hipótese, contra A.V.B. quando ele ficou fechado em uma salinha.
Pilotos:
Os pilotos, militares da marinha e agentes da CIA a bordo do helicóptero eram cidadãos estadunidenses – alguns deveriam ser de origem europeia – deveriam ser, geralmente, de estatura mais alta; porém isso não concorda com o depoimento de A.V.B. que dizia que tais indivíduos eram baixinhos, com pouco mais de 1,50 de altura. A mulher a bordo também era muito baixa, cerca de 1,35 metros de altura. Ela era a única, a bordo, que podia respirar o mesmo ar que Antônio embora o recinto onde ficaram juntos houvesse sido invadido, momentos antes do encontro, por um gás que deixou meio atordoado o agricultor.
A.V.B. foi levado aos Estados Unidos porque procurou ao dr. Fontes e ao jornalista Martins do Rio de Janeiro por livre e espontânea vontade: caso contrário seu caso teria ficado no esquecimento e não teria sido levado até os EUA em 1958. Odércia Villas-Boas (filha de Antonio ), contou que um jornalista com “nome estrangeiro” lhe serviu de interprete nos EUA, sempre acompanhados de pessoal militar.
A.V.B. foi embarcado em um avião (talvez militar ) que partiu desde o Rio de Janeiro, muito possivelmente, com a conivência do Serviço Federal de Informações e Contrainformação (SFICI) criado pelo presidente Juscelino Kubitschek em 1956. Este organismo foi criado a partir de um grupo de três militares e um policial enviados até Washington para um estágio pago pelo governo dos EUA, com aprendizado dentro da sede do FBI local e da CIA, e instruídos para a coleta de informações. Na volta foram acompanhados por um agente estadunidense para realizar a instalação do SFICI no Rio de Janeiro.
Antônio viajou contra sua vontade o que me faz suspeitar que fosse levado drogado ou sedado. A modo de compensação, de acordo com a irmã, A.V.B. recebeu do governo dos EUA dois títulos de propriedades na Califórnia as quais nunca visitou.
O caso não foi criado, mas sim deve ter interessado à CIA para interrogar um abduzido. Tanto que A.V.B. foi submetido ao teste do polígrafo, ou “máquina da verdade“, e ao “soro da verdade”, algo habitual no Mk-Ultra de acordo com o excelente livro de Gordon Thomas sobre esse projeto secreto. Isso explicaria o por quê de levá-lo diante de discos voadores, inteiros ou destruídos, em um hangar de alguma base secreta na Califórnia, de acordo com o filho e a irmã do abduzido. Além disso, nos próximos dez anos militares e agentes da NASA teriam vindo até São Francisco de Salles visitar o abduzido e trazer-lhe, curiosamente, livros em inglês, alguns deles com a temática Óvni. Eles estavam, logicamente, interessados em fazer um acompanhamento psicológico e de saúde de Antônio ou algo mais que desconhecemos.
Dúvidas:
Ficam as dúvidas referentes a radiação: de acordo com o dr. Fontes, A.V.B. teria sofrido as consequências físicas de uma leve radiação. Os próprios parentes e um médico familiar da região aventaram esta possibilidade, mas não há provas, por exemplo, de medições com contador geiger. De acordo com o filho de Antônio que morava em Palmas do Tocantins, a hipótese da radiação está descartada.
Em 1979, na cidade de Mirassol (SP) um vigilante, Antônio Carlos Ferreira, também foi abduzido e levado a bordo para manter relações sexuais com uma mulher. O caso tem muitos aspectos parecidos com o de A.V. B. e foi seriamente pesquisado pelo já falecido e saudoso ufólogo Ney Matiel Pires além do veterano Walter Bühler da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores. Nesse ano o projeto Mirage Men já tinha sido desativado, o que “derruba” essa possibilidade.
Cláudio Suenaga, em comunicado pessoal, diz que “…não faz sentido uma operação dessa só para tentar causar um efeito em um simples caboclo, sem nenhuma garantia de que funcionaria… E se a operação ocorreu realmente, poderia ter sido usada no Vietnã. Por exemplo, e os Estados Unidos teriam vencido a guerra sem dificuldades e não teria ficado atolado lá por dez anos… Muito nessa história não faz sentido, é nonsense…”.
Vídeo do áudio de entrevista abaixo:
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